The military ruled Brazil for a full 21 years (1964–1985). In the context of the Cold War, they proceeded with extreme brutality, especially against the communist opposition. In the climate of “order”, a technocratic elite was then supposed to ensure the country’s economic development.
On 31st March 1964, a large right-wing coalition drawn from conservative church circles, the business elite, leading military officers, some governors and the US ambassador joined forces in Brazil to stop the incipient socialist “land reforms” of the then president João Goulart and remove him from office. The military did not relinquish power in the aftermath of these events, but rather consolidated their position within the existing constitutional order through so-called Institutional Acts, whereby they could amend or suspend the constitution as they saw fit. By October 1969, the first Institutional Act had been followed by 16 others. For the next 21 years, a succession of five four-star generals held the position of head of state. These individuals can be divided into two main ideological currents: on the one hand, the “moderate line” – also called the Grupo Sorbonne or Castelistas – under Humberto Castelo Branco (1964–1967), Ernesto Geisel (1974–1979) and João Baptisto de Oliveira Figueiredo (1979–1985). On the other hand, the “hard line” under Artur da Costa e Silva (1967–1969) and Emílio Garrastazu Médici (1969–1974).
The establishment of the military dictatorship was followed by the elimination of the political opposition. Thousands of politicians and civil servants lost their political rights in “Operation Purge”. In the name of the regime’s first ideological pillar, the “National Security Doctrine”, the repressive apparatus was rapidly built up, spearheaded by the SNI intelligence and security service. Both the first ideological pillar of the regime and the second pillar of “Economic Development” were pushed even harder from October 1967 under the hard-liner Artur da Costa e Silva. With the help of technocrats in economic policy, the regime achieved the “Brazilian Economic Miracle” between 1968 and 1973. Under the cover of the economic upturn, the hard-liners, especially during the presidency of Emílio Garrastazu Médici, were able to increase repression considerably. Political opponents were persecuted, tortured and in over 400 cases murdered. The presidency of Ernesto Geisel, who pursued a controlled opening of the regime, brought about a political change from 1974 onwards.
On 15th March 1979, João Baptista de Oliveira Figueiredo, the former head of the SNI and the preferred candidate of the moderate line, took over as president. He was to hand over power to a civilian president. One of the first steps towards democratisation was the return from a two-party system to a multi-party one. The Amnesty Law of 28th August 1979, originally intended as a concession to the left-wing opposition, not only granted amnesty for opposition crimes, but also decreed that all crimes committed under the military dictatorship would remain unpunished. The regime eventually lost popular support due to the failure of its economic policy and the continued absence of civil liberties. The growing discontent came to a head in 1984 in mass demonstrations (“Direct Elections Now!”). Even though the military did not allow direct presidential elections, the opposition candidate Tancredo Neves prevailed in Congress as the presidential candidate. However, he died before he could take office. José Sarney, a vice president loyal to the regime, became interim president in 1985. With the adoption of the 1988 constitution, the transition to the “New Republic” in Brazil was considered complete.
Durante a transição de Espanha para a democracia, as juntas militares tomaram o poder no Chile e na Argentina. Após crimes maciços e violações graves dos direitos humanos, os militares abandonaram o poder na década de 1980 e foram concedidas amnistias, seguindo o modelo espanhol.
"Tendo em conta a gravíssima crise social e moral que o país atravessa [e] a incapacidade do governo para controlar o caos [...], as forças armadas e os carabineros estão unidos para iniciar a sua missão histórica e responsável de lutar pela libertação da Pátria.” Com estas palavras, a junta militar liderada pelo comandante-em-chefe Augusto Pinochet legitimou o seu golpe de Estado contra Salvador Allende, presidente socialista do Chile, em 11 de setembro de 1973. Três anos antes, Allende tinha sido eleito por escassa maioria, combatendo a pobreza do país com nacionalizações e uma política social generosa, que ao mesmo tempo mergulhava o país numa grave crise económica de inflação galopante e o afastava dos Estados Unidos. Washington reconheceu então imediatamente Pinochet como o presidente legítimo. Três anos mais tarde, os militares tomaram também o poder na Argentina. O vazio deixado pela morte do presidente Juan Domingo Perón, a crescente crise económica e o aumento dos assassinatos perpetrados pelo grupo de guerrilha urbana de esquerda Montoneros levaram os militares do general Jorge Videla a colocar a mulher vice-presidente e sucessora de Perón, Isabel Martínez de Perón, em prisão domiciliária.
Especialmente nos meses imediatamente a seguir à tomada do poder, os governos militares do Chile e da Argentina cometeram crimes maciços e graves violações dos direitos humanos. Pinochet – um fervoroso admirador de Franco que foi um dos poucos convidados do Estado presentes no funeral do ditador espanhol em 1975 – utilizou principalmente a polícia secreta DINA para raptar, torturar e executar membros da oposição. Na Argentina, o presidente Videla declarou subversivos todos aqueles que minavam os valores cristãos do país com "ideias contrárias à nossa civilização." Também aqui, os dissidentes foram raptados, torturados e mortos. No Chile, dos 30.000 torturados, cerca de 3.000 morreram; na Argentina, entre 6.000 e 30.000 pessoas desapareceram. Um número exacto é dificultado pela prática dos "desaparecimentos," ou seja, raptos sem que se saiba ao certo o paradeiro dos detidos. Enquanto Pinochet baseou a sua legitimidade numa melhoria temporária da situação económica do Chile através de reformas estruturais monetárias e de referendos manipulados, a situação da junta militar argentina permaneceu sempre precária devido à instabilidade económica do país. Grandes acontecimentos, como a organização do Campeonato do Mundo de Futebol de 1978, não conseguiram desviar a atenção destes problemas.
Com a ocupação das ilhas Falkland ao largo da costa argentina – uma colónia britânica desde 1833 – o novo presidente argentino, o general Leopoldo Galtieri, tentou desencadear uma onda de euforia nacional em 1982. Mas a bem sucedida contra-operação britânica desferiu um golpe mortal na junta militar. Em 1983, Reynaldo Bignone, o último presidente militar da Argentina, convocou eleições livres. Ao mesmo tempo, uma lei de amnistia garantiu a impunidade dos antigos governantes. No Chile, o presidente Pinochet tentou legitimar-se em 1988 através de um novo referendo que, surpreendentemente, perdeu. Apesar das eleições livres de 1989, Pinochet, que assegurou os cargos de comandante-em-chefe do exército e de senador vitalício, continuou a ser uma figura influente na política chilena. Embora duas comissões da verdade, em 1991 e 2004, tenham investigado os crimes dos anos Pinochet, tal não teve consequências legais para o antigo governante, que morreu em 2006, uma vez que uma lei de amnistia de 1978 o protegia de processos judiciais. A situação foi diferente na Argentina, onde a comissão da verdade CONADEP apresentou um relatório sobre as violações dos direitos humanos em 1984, com base no qual os responsáveis pela junta militar – incluindo Videla, Galtieri e Bignone – foram condenados a longas penas de prisão em 1985.